O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração
Autopsicografia, Fernando Pessoa Ortónimo

2 comentários:
"pedras no meu caminho? guardo-as todas, um dia vou construir um castelo!"
O fingimento, é mau! Fingir que estamos felizes quando não estamos, fingirmos estarmos bem, quando temos dores, tudo isso é má onda! Mas sim, eu sou especialista nessas cenas do fingimento! ;)
É sem dúvida um dos meus poemas preferidos de Fernando Pessoa!
Boa escolha, Joaninha! *
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